F-Type Coupé
Quatro meses depois da revelação, é chegado o momento mais esperado: o lançamento do Jaguar F-Type Coupé. O modelo pode ser adquirido, por enquanto, na sua terra natal. Lá na Inglaterra, os preços partem de R$ 190 mil e chegam a R$ 315 mil. Mas a emoção aqui sairá mais caro, entre R$ 380 mil e R$ 600 mil segundo os preços estimados pela Jaguar para o esportivo que desembarcará entre junho e julho. A gama que começa no modelo V6 3.0 de 340 cv, passa pelo F-Type S V6 3.0 de 380 cv e chega ao agressivo F-Type R V8 5.0 de 550 cv.
A fera convida para pisar
Sem dúvida, demorou um pouco entre aquele primeiro encontro nos Salões de Tóquio e de Los Angeles. Pelo menos, no evento não tardou para ter contato com o sedutor cupê. Ao desembarcar do vôo que nos levou à Lleida, na Catalunha, uma frota de modelos V6 S e V8R nos aguardava. Segundo o fabricante, serão justamente esses que venderão mais. Talvez por isso mesmo o V6 básico tenha sido descartado. Tudo bem, o que queria mesmo é ter contato com os felinos mais bravos dessa gama.
Por fora, o F-Type veste sua forma mais sedutora. O seu antepassado no alfabeto da marca, o E-Type, nunca teve um cupê tão belo quanto o roadster. Agora, o esportivo inverte essa sina. Além de ser no mínimo tão bonito quanto, o cupê mostrou todo seu refinamento assim que entrei na cabine revestida em couro por todos os cantos. Nada de versão alongada como chegou a ter o antecessor na fase da meia idade, esse aqui é um esportivo apenas para dois.
Se acomodar na melhor posição é fácil, a ergonomia é auxiliada pelos bancos com ajustes para todos os lados, além do volante com regulagem de altura e distância. É a senha para não perder muito tempo se posicionando, em um instante, você já pode pisar no freio e dar a partida por meio de um botão laranja no console. A Jaguar se vale das suas tradições. Tal como o E-Type, o F-Type tem comandos inspirados em um avião caça, coisa da época em que muitos dos seus engenheiros tinham vindo da Força Aérea Real (RAF). Daí o botão laranja, como se você estivesse pronto para disparar...
Logo partimos juntos pela rodovia N-211. O Jaguar se impunha no trecho de 130 km pela paisagem semi-árida. Nas longas retas, o conta-giros do F-Type V6 S subia incontido, com uma escalada deliciosa de giros nas retomadas, tudo acompanhado de um rugido metálico malicioso, cortado apenas pelos estampidos do escape ao se aliviar o acelerador ou passar as marchas. Parecia o território natural do felino, mas ainda chegaríamos ao seu habitat natural, o autódromo de Motorland Aragon.
Nas poucas curvas, já deu para perceber a rigidez da estrutura em alumínio, justamente o que faz o Jaguar fazer curvas sem desequilíbrios. Se você quiser tascar mais pimenta, basta apertar outro botão no console central, que aciona o modo dinâmico. No Dynamic, freios, motor, direção e suspensão ficam com respostas mais esportivas. Claro que não preciso dizer que foi justamente esse modo o escolhido para viagem. Diversão em primeiro lugar.
A brincadeira mal havia começado e já arrancava um sorriso rasgado no rosto. É o tipo de entretenimento que o torna alheio a tudo que não diz respeito a você e o carro. Ainda bem que o GPS informava o progresso pela paisagem borrada que ficou para trás ao ritmo das rotações. Em instantes o playground rodoviário ficou para trás e logo chegou o destino.
Suavidade e técnica
Ao chegar ao autódromo de Motorland Aragon, hora de... estudar mais um pouco. Logo ao chegar, a programação não nos mandou direto para a pista. Era hora de ver do que ele é feito antes de ver do que ele é capaz. A estrutura foi apresentada em tamanho real, dividida pela metade. Uma mostrava a carroceria no metal com seus elementos (como os enormes discos de cerâmica de fibra de carbono), enquanto outra desnudava a estrutura de alumínio.
Poderia estar no pôster central de uma revista. Até os detalhes são belos, como os milhares de rebites que não perfuram o metal leve, apenas os unem em dois grandes blocos antes separados entre compartimento do motor e outro que vai da primeira coluna até a traseira. Além de leveza, o material ajuda na distribuição de peso que chega, no V6 S, a 51% do peso na frente e 49% atrás, enquanto no V8 muda só um pouco em razão do peso maior do motorzão, 52% e 48%, respectivamente.
A teoria é bem interessante, mas foi a bordo do F-Type R que a parte teórica pode ser experimentada. Primeiro em um circuito bem travado de handling, que simulava situações como terreno seco e molhado. Ali foi possível sentir o trabalho esforçado do diferencial de deslizamento limitado. É ele que melhora a tração não apenas nas curvas, como também nas superfícies escorregadias.
Ele atua em conjunto com o diferencial ativo eletrônico de segunda geração, que maximiza a tração para a roda com mais aderência. Esses fatores conferem um desempenho impressionante do esportivo em curvas mesmo muito fechadas. “Com o F-Type Coupé a equipe de engenharia da Jaguar ultrapassou o seu objetivo de construir um esportivo que superasse o prazer na condução no aclamado F-Type conversível. O desenvolvimento de uma estrutura excepcionalmente rígida foi a chave para alcançar tal êxito”, afirma Ian Hoban, diretor da linha de veículos da fabricante.
Pé embaixo
Antes de entrar no segundo traçado, agora de velocidade, do interessante circuito espanhol, que possui reta de 1 quilômetro e algumas curvas técnicas, a teoria se mostrava difícil de entender. Mas tornou-se mais compreensível quando o co-piloto Chris Dredge, começou a gritar com um sotaque britânico “solte o acelerador, solte os freios, deixe o carro livre”. E incrivelmente o carro fazia a curva sem perder o traçado, mesmo em terreno molhado. Isso porque o F-TYPE possui um sistema inteligente de vetorização de torque, que trabalha em conjunto com os freios. Ele entende situações extremas, equilibra o veículo e aplica maiores rotações nas rodas externas, em relação às internas, quando em uma curva acentuada por exemplo. É apontar o carro na curva, soltar os pedais e deixar o sistema fazer o resto.
Os números divulgados apontam que o V8 de 550 cv chega a uma velocidade máxima é limitada em 300 km por hora. Mas ali não foi possível passar de 265 km/h de final. Pois uma curva em cotovelo se escondia logo depois do final da reta. “Brake hard, harder, harder, hader...” “Breque mais, mais, mais...”. Dizia o instrutor em meio ao som abafado pelo capacete e o rugido do V8 que habitava a cabine.
A tranqüilidade era transmitida pelos freios de cerâmica de carbono, presentes na versão R que nós testamos. Ótimo para estancar o carro em altas velocidades, mas exige habilidade para freá-lo em baixas rotações e evitar solavancos. A resposta é bem mais agressiva do que com discos normais, então o negócio é dosar o pedal com outra sensibilidade.
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